Tuesday, January 29, 2008

Encontro com Deus

É incrível como a estupidez humana leva as pessoas a associar tudo a Deus.

Hoje, por incrível que pareça, dei por mim perante um quase Deus.
Referir-me desta forma a um homem, para alem de parecer bastante amaricado, dá a entender que vi algum brad pitt ou algum Cristiano Ronaldo (dizem que eles gostam, os gays), enfim, um gajo alto espadaúdo (de grande espada, portanto) e com uns triceps que valessem por seis.
Mas não. Era até baixote com uma tonalidade de pele amarroquinada ou como se diz na gíria, com um broze de pedreiro. Tinha o que eu chamo “cabelinho à foda-se” o que, para quem não conhece, é olhar para o Paulo Bento. Pra quem não conhece o Paulo Bento nem Deus (aqui em discussão) basta olhar para o vídeo em baixo onde eles aparecem lado a lado.

Afinal enganei-me, não era tom amarroquinado mas sim, apaquistanado.

Pois bem, era um dia solarengo e precisava de levar o carro à inspecção. Não tinha marcado nada com Deus nem estava para aí virado mas, o que eu sabia mesmo, é que o carro tinha de ir à inspecção até ao final de Janeiro.

Chego à casa de Deus e vejo Deus debaixo de um carro.
Decerto Deus não tinha avó porque se há coisa que a minha avó sempre me disse foi:”Não vás brincar para aí que ainda ficas debaixo de um carro!”
Cheguei a ter pena Dele. Depois passou-me a estupidez e lembrei-me que o gajo era mecânico.

O homem sai de cima do skate que eles usam para deslizar por baixo das viaturas e vem ter comigo. “Radical!”, pensei eu. Cumprimentei-o sem reparar nas mãos besuntadas de óleo e disse-lhe para ele o mudar (o óleo, não o das mãos mas até que não era mal pensado) e dar uma vista d’olhos na viatura para levá-la à inspecção.

Deus concordou e eu fiz uma pergunta que poderia mudar a minha vida:
“Epá! Eu não sei, mas o carro tem me cheirado a queimado. Ainda agora, não sente o cheiro a queimado?”

Ao que o gajo me responde:
“Oh, se preocupe, de certeza que tem alguma coisa agarrada ao escape.”
Por essa altura, já estava eu a pensar:
“Olha m’este parolo com a mania que é PRO”

O homem baixa-se para espreitar por baixo do carro e chamou-me para verificar.
Só me vieram 3 palavras ao pensamento :”Foda-se, é Deus!”
Das duas, uma. Ou o gajo tinha poderes médium extraordinários e tinha conversado com o carro e perguntado “Onde é que te dói”. Ou estaria na presença de alguma divindade.

Estava lá um filho da p*** de um saco a derreter e a promover o ar de gozo do mecânico.
Foi a maior humilhação da minha vida e o gajo ria-se. Desassociei-o logo de Deus. Deus não goza com o próximo.
Foi um atentado á minha masculinidade. Homem que é homem percebe de carros e eu já de mim percebia pouco, mas isto, foi o chamar-me de paneleiro indirectamente.
Preferia que ele me tivesse dito que era a “mola da berdoeija” que tinha queimado e me tivesse cobrado 100 euros do que me deixar desta maneira.

Para colmatar o gozo, ainda se virou para mim: “queres que eu te leve a casa?”
Mau, mas que é esta merda? Então o gajo chama-me paneleiro e ainda me oferece boleia no MEU carro?
Fui obrigado a aceitar porque a minha casa ainda eram a uns dois kilómetros mas noutras circunstancias não aceitaria.

Quase que este post poderia ser o da despedida aqui do euclesia e por conseguinte tambem da sanidade mental e de toda a minha racionalidade.
Ficaria um eterno conformado atribuindo tudo a Deus e calejaria os meus lindos joelhos por todas estas palavras que agora escrevo.
O que me safaria é que com a revisão do código penal, só seria punido por um crime mesmo que o tivesse feito 100 vezes.


Até amanhã se Deus quiser.


Osama das Alturas

1 comment:

Anonymous said...

«Chego à casa de Deus e vejo Deus debaixo de um carro.
Decerto Deus não tinha avó porque se há coisa que a minha avó sempre me disse foi:”Não vás brincar para aí que ainda ficas debaixo de um carro"!»
ESTÁ GENIAL!!! A minha avó dizia-me: "não vás brincar para aí ou calças um carro!"

p.s - a minha avó era sapateira
(se fosse rica era lagosta)